Tempo real

Entrou numa loja de roupas. Escolheu duas bermudas. Achou uma calça do seu agrado e pegou também. Percorreu alguns departamentos, não demorou muito, pagou e saiu.

Resolveu passear, sem compromissos. As imagens em movimento davam-lhe um prazer fugidio.

Depois pensou num novo livro que acabara de ser lançado. Tinha lido uma resenha e estava ansioso para devorar a obra... Tão já, não acharia em sebos ou para baixar de graça. Na primeira livraria, levou.

Mudou a música, do rap pra clássica, Racionais pra Bach, e seguiu apreciando muros grafitados.

Lembrou que tinha contas vencendo e foi ao banco. Pagou o que tinha pra pagar e transferiu mais algum pra conta, no crédito.

Encontrou Clarice.

- Saudades... Vamos ao cinema hoje?

- Sim! Ver o quê?

- Não sei, você escolhe...

- Tá bem. Te ligo seis, seis e meia, tá?

- Legal. Té lá. - Tchau.

De repente: - Que bosta!

Caiu a conexão da internet e ele resolveu dar uma volta. Botou o aparelho no bolso, o pé na rua, e sumiu no meio do povo.